A Educação no Brasil
Colonização, catequese e o monopólio
O
processo de colonização no Brasil se caracteriza por uma forma coerente de ser,
porém sem harmônia. Esse processo de
civilização se limita a 3 pilares; colonização, educação e catequese esses três
momentos é de suma importância para a história. Colo (do latim eu moro, eu ocupo, eu trabalho, eu cultivo,eu cuido,
eu mando,eu quero bem, eu protejo). E do
supino cultum (o que vai trabalhar ou
cultivar, tanto a terra quanto o ser humano, similar a paidéia grega). Desse
modo a colonização enquanto exercia a posse e explorava a terra (colo), e no segundo aspecto se refere à
educaçao enquanto aculturação, ou seja, a inculcação nos colonizados das práticas,
técnicas, símbolos e valores próprios dos colonizadores (colo,cultum), e no terceiro momento trás a tona também a catequese,
entendida como difusão e conversão dos colonizados- os silvícolas a dos
colonizadores (colo, cultum). Esses
três processos foram de extrema relevância e marcaram de maneira espiritual e
material a posse e o mando português nas terras brasileiras.
Algumas
questões históricas podem ser consideradas como fundamentais para esse processo
de difusão como, 1. Que apesar das divergências, a nobreza e a burguesia
portuguesa do século XVI compactuavam do mesmo interesse expansionista, que não
era possível de ocorrer no âmbito do continente europeu,mas viável como
expansão ultramarina pela posição geográfica privilegiada de Portugal. 2. Que a
expansão não gerou o empoderamento político da burguesia portugeusa, isto gerou
sérias tensões entre a burguesia mercantil, que lucrava com a expansão e a nobreza
buscou através de mecanismos políticos e religiosos frear a burguesia ao
identificá-la aos cristãos novos. Esse desenrolar político teve vários
resultados econômicos, entre os quais a redução da estratégia econômica, a
exploração colonialista e a inexistência do
protencionismo industrial.
Assim,
diferente da frança e da Inglaterra, o colonialismo português não contribuiu
para o processo de acumulação capitalista deste país, antes serviu como
obstáculo. É nesse contexto de colonização desvinculada da acumulação
capitalista, e com forte articulação da nobreza com a igreja católica, que se
processa as primeiras ações educativas na colônia brasileira. Isso permite compreender, entre outras
coisas, a estreita interação da educação com a catequese, que foi utilizada
como estratégia ideológica para buscar e acentuar as semelhanças com a intenção
de apagar as diferenças, num processo de aculturação e de dominação cultural
baseado nas praticas institucionalizadas.
A educação colonial e suas quatro
fases
A
palavra colonização, colônia, colono e suas variantes tem duplo significado,o
cultivo da terra e ao trabalho de formação humana. Essa manifestação preliminar
de educação desencadeou um processo de aculturação instaurada no âmbito do
processo de colonização.
1º
Período heróico (1549 -1570) que corresponde a produção de Pe. Manuel da
Nóbrega, onde se destaca a preocupação pedagógica com as especifidades da
colônia.
2º Período
da Ratio Studiorum (1570-1759) que expressa a aplicação dos ideiais,valores e
práticas, presentes no plano geral de estudos da companhia de Jesus, organizado
pela ordem religiosa, através da análise das práticas educacionais consideradas
positivas nos colégios já implementados por esses religiosos. A base filosófica
desse plano geral é o tomismo, centrada em uma visão essencialista de homem.
Nessa fase se delineia a vertente religiosa da pedagogia tradicional
brasileira.
3º
período pombalino (1759-1808) A reforma pombalina expressa a influência do
iluminismo no pensamento da elite portuguesa e o surgimento do estado como ente
responsável pela educação pública. Esse momento representa o fechamento dos
colégios jesuítas no Brasil e as introduções das aulas regiam que deveriam ser
mantidas pela coroa através do subsidio literário (aprovado em 1772). Essa
iniciativa não logrou êxito por vários fatores entre eles, a escassez de
mestres, a insuficiencia de recursos financeiros, o cenario político através da
denominada viradeira de dona Maria I e o isolamento cultural português que
temia que a educaçao difundisse os ideais de emancipação nacional.
4º
período Joanino (1808-1822) que representa a vinda da família real para o
Brasil, como consequência do bloqueio continental decretado em 1806 por
Napoleão. Do ponto de vista educacional,nessa fase surgem os primeiros cursos
de nível superior na colônia, mas esses cursos se limitavam aos de interesse da
novíssima burocracia estatal que se hospedava em solo brasileiro. Nessa fase a
vertente religiosa continuou a influenciar o cenário educacional, mas articulada
as ideias laicas. Nesse período se delinea a vertente leiga da pedagogia
tradicional brasileira. A noção de essência humana é substituída pela de
natureza humana, numa ênfase a racionalidade e ao saber, objetivo das ciências.
As características do desenvolvimento político econômico português impediam uma
real penetração desses ideiais, baseados no iluminismo na organização escolar
brasileira.
O Monopólio Jesuítico
A
primeira fase jesuítica foi marcada pelo plano de instrução elaborada, O plano
iniciou com o aprendizado do português (para os indígenas). Prosseguia com a
doutrina cristã, a escola de ler e escrever e opcionalmente, canto ofeônico e
música instrumental, e culminava de um lado, com o aprendizado profissional e
agrícola, e de outro lado, com a gramática latina para aqueles que se
destinavam a realização de estudos superiores na Europa. Esse plano não deixava de conter uma
preocupação realista, procurando levar em conta as condições especificas da
colônia. Sua aplicação foi precária, tendo cedo encontrado oposição no interior
da própria ordem jesuítica, sendo companhia de Jesus e consubstanciado pelo
Ratio studiorum ou plano de estudos, o método pedagógico dos jesuítas, foi
sistematizado a partir das experiências pedagógicas, que tiveram inicio no
colégio de Messina.
A
educação almejada pelo Ratio tinha como meta a formação do homem perfeito, do
bom cristão e era centrada em um currículo de educação literária e humanista
voltada para a elite colonial.
Em
Portugal cabia aos jesuítas o direito exclusivo de ensinar latim e filosofia no
colégio de artes, curso preparatório obrigatório para ingresso nas faculdades
da universidade de Coimbra. Nos domínios de Portugal na Ásia havia sido a força
dominante desde os primórdios da expansão portuguesa no oriente, sendo que
alguns dos jesuítas chegaram a ser mortos no cumprimento da ação
evangelizadora. A companhia de Jesus estava presente desse modo como fator de
empecilho às reformas econômicas e educacionais de Pombal, o que explica, a
primeira vista, a sua expulsão e proscrição.
No Brasil os colégios jesuíticos ofereciam
quase com exclusividade a educação secundária.
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